Exhibition @ Stolen Books HQ, Lisbon | March 2019
Em 1909, Marinetti escreveu “O Manifesto Futurista”, no qual destacava a ideia das máquinas como objetos artísticos, enfatizando as conotações sexuais com os automóveis. Este estranho apego, designado por “erotismo da máquina”, deve-se a uma espécie de satisfação emocional proporcionada pelo automóvel. Há uma dependência, um envolvimento, de tipo erótico, que ultrapassa a mera utilidade funcional de transporte.
Qualquer condutor, homem ou mulher, partilham um forte sentido de apropriação e controle sobre esta máquina tão complicada quanto responsiva e talvez aí resida uma provável exaltação erótica.
Em Auto Erotica, Tiago Evangelista estimula o duplo sentido que estas duas palavras podem sugerir. Por um lado a ideia de autoerotismo como fenómeno da emoção sexual espontânea gerada na ausência de um estímulo externo proveniente, direta ou indiretamente, de outra pessoa. Por outro, ideia que nos fica, mesmo no actual período em que os carros de pequenas dimensões, relativamente assexuados, predominam, a relação entre humanos e os automóveis é mais do que superficial.